O Espírito, protagonista da 4ª dimensão

Todos nós estamos familiarizados com as três dimensões de nossa sensibilidade, que nos permitem a percepção dos diferentes objetos: comprimento, largura e altura são os paradigmas lógicos que nos capacitam ao exercício de nossos sentidos corporais, moldando assim todos os contornos passíveis de serem observados.

Isto não obstante, percebemos também a existência de um universo vivo, simbólico e virtual, uma quarta dimensão da realidade que está acima de nossos cinco sentidos, moldando um mundo  abstrato  mas nem por isso menos real, que se situa além do tempo e do espaço, constituindo o universo do pensamento, das ideias e das causas, da ética e da cultura, dos valores e dos objetivos, aspirações e propósitos de tudo que existe. Continue lendo

O Espírito, fundamento da realidade

Constitui grave engano histórico este da separação estanque entre matéria e espírito, pois a própria física quântica reconhece que há entre os dois um íntimo intercâmbio, como aquele da precedência de nosso pensamento moldando as reações dos átomos. Ainda mais, que não há diferença entre matéria e energia, esta uma forma primitiva da matéria, segundo as concepções  de EINSTEIN. Da mesma forma, as estruturas biológicas são exemplos notáveis de como a matéria pode se organizar em sua variedade, instintiva e inteligentemente, promovendo as reações peculiares dos seres vivos, seus genes e seu DNA. Continue lendo

A noumênica do Espírito

A palavra grega noumenon se refere a tudo que é contrário ao phainomenon, ou aquilo que aparece, o provisório. Ao contrário, o  noumenon diz respeito ao que é essencial, abstrato e perene sob as aparências do material, sensível e instável, e no século V a.C. teve em ANAXÁGORAS  a sua caracterização como espiritual, fonte de vida e emanação do sagrado.   Assim, a noumênica do Espírito dirá respeito às suas características essenciais, às formas peculiares pelas quais Ele se manifesta. Fica fácil então observar que o Espírito, pura manifestação de essência, possui as seguintes reduções paradigmáticas: Continue lendo

Os átomos, parece que são virtuais

Contrariamente ao idealismo popular, que apregoa a virtude dos nobres ideais, o idealismo filosófico defende o primado das ideias na conformação da realidade, como propôs PLATÃO desde o século IV a.C. ou mesmo DESCARTES, já no início da era moderna (cogito, ergo sum!). Posteriormente, o sacerdote irlandês Jorge BERKELEY (1685-1753) nos deixou a expressão célebre ser é perceber ou ser percebido, ou seja, o primado é da consciência  sobre tudo que aparece.

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Através da revelação, a morte não é o fim

A morte tem a aparência de um fenômeno natural, mas pelo grau de sua relevância, só encontra solução através de perspectivas religiosas, de forma a superar as frustrações  causadas pelo seu aparente radicalismo, o término da vida. Pois é por força de seu Espírito que o ser humano consegue avaliar o verdadeiro sentido da morte, como algo que ele não deseja, mas que se encontra inserido num plano transcendente de pecado e salvação.

O cristianismo sofreu as influências remotas do judaísmo, cujos profetas, desde épocas remotas, nos asseguram as preocupações divinas com relação aquilo que nos atinge: “O Senhor, pois, é aquele que vai adiante de ti; Ele estará contigo, não te deixará, nem te desamparará; não temas, nem te espantes” (Deut, 31,8). Se DEUS participa de todas as coisas e está em nossa companhia, se Ele vive no interior de nossas  consciências, a morte fica irrelevante diante de tão alta dignidade patrocinada pela crença. Esta garantia nos dá conforto e a certeza de que a morte está inserida nos planos redentores da criação. Continue lendo

Homologias Simbólicas

Em nossa mente podemos verificar facilmente a distinção entre representações sensíveis e representações mentais, estas girando apenas em torno de seu autofuncionamento. Verifica-se também que a capacidade humana de apresentar suas representações mentais se dá de maneira abrangente e variada, caracterizando bem as formas pelas quais ela se coloca acima da materialidade, formando conceitos em nível abstrato. Continue lendo

A tríade psíquica de Malebranche

Resulta assaz estimulante a intuição mística criada pelo pensador francês NICOLAS MALEBRANCHE (1638-1715), segundo a qual Deus ocupa um lugar de destaque em nossa psique, mantendo nossa vida, resumida em  sensibilidade, imaginação e racionalidade (Nós vemos todas as coisas em Deus). Tal ocasionalismo nos dá assim a garantia de nossa importância como seres viventes, confirmando a afirmação de  São Paulo no areópago: “NEle vivemos, nos movemos  e existimos”(At: 17, 28). Sem dúvida, a única forma de resgatarmos a dignidade humana será através de sua vinculação essencial a algo divino, depois que DARWIN nos igualou a meros macacos que evoluíram (sic)! Continue lendo

Do nada à existência

Por que existem as coisas em vez do nada é pergunta recorrente na história do pensamento humano e qualquer resposta natural não esgota o mistério de sua ocorrência (sic). Trata-se aqui do surgimento de uma compreensão só acessível ao seu humano, através de sua capacidade mental, espiritual e abstrata, algo ainda mais notável que a própria concretude do Universo!

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Reflexões sobre processos miméticos

A cultura grega nos legou os conceitos de mímesis e poiesis, o primeiro referente aos processos de imitação e o segundo como formas de criação relativamente incondicionadas, como ocorre na poesia e nas intuições conceituais, aparentemente inovadoras. Digo aparentemente porque, no final, ambas se nos apresentam dependentes das influências que as antecedem (sic). Continue lendo

Deus: uma invenção?

RENÉ GIRARD, pensador católico francês (1923-2015), indagado sobre a realidade de Deus como uma invenção humana, prontamente respondeu pela negativa, com base em sua crença cristã e em sua epistemologia mimética. Não obstante, o que esta teoria do conhecimento quer dizer? Ora, justamente o fato de que tudo o que o ser humano compreende, é, no final, apenas uma abstração, tendo  por base, porém, suas condições primárias de embasamento.

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