A palavra grega noumenon se refere a tudo que é contrário ao phainomenon, ou aquilo que aparece, o provisório. Ao contrário, o noumenon diz respeito ao que é essencial, abstrato e perene sob as aparências do material, sensível e instável, e no século V a.C. teve em ANAXÁGORAS a sua caracterização como espiritual, fonte de vida e emanação do sagrado. Assim, a noumênica do Espírito dirá respeito às suas características essenciais, às formas peculiares pelas quais Ele se manifesta. Fica fácil então observar que o Espírito, pura manifestação de essência, possui as seguintes reduções paradigmáticas: Continue lendo
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Os átomos, parece que são virtuais
Contrariamente ao idealismo popular, que apregoa a virtude dos nobres ideais, o idealismo filosófico defende o primado das ideias na conformação da realidade, como propôs PLATÃO desde o século IV a.C. ou mesmo DESCARTES, já no início da era moderna (cogito, ergo sum!). Posteriormente, o sacerdote irlandês Jorge BERKELEY (1685-1753) nos deixou a expressão célebre ser é perceber ou ser percebido, ou seja, o primado é da consciência sobre tudo que aparece.
Através da revelação, a morte não é o fim
A morte tem a aparência de um fenômeno natural, mas pelo grau de sua relevância, só encontra solução através de perspectivas religiosas, de forma a superar as frustrações causadas pelo seu aparente radicalismo, o término da vida. Pois é por força de seu Espírito que o ser humano consegue avaliar o verdadeiro sentido da morte, como algo que ele não deseja, mas que se encontra inserido num plano transcendente de pecado e salvação.
O cristianismo sofreu as influências remotas do judaísmo, cujos profetas, desde épocas remotas, nos asseguram as preocupações divinas com relação aquilo que nos atinge: “O Senhor, pois, é aquele que vai adiante de ti; Ele estará contigo, não te deixará, nem te desamparará; não temas, nem te espantes” (Deut, 31,8). Se DEUS participa de todas as coisas e está em nossa companhia, se Ele vive no interior de nossas consciências, a morte fica irrelevante diante de tão alta dignidade patrocinada pela crença. Esta garantia nos dá conforto e a certeza de que a morte está inserida nos planos redentores da criação. Continue lendo
Homologias Simbólicas
Em nossa mente podemos verificar facilmente a distinção entre representações sensíveis e representações mentais, estas girando apenas em torno de seu autofuncionamento. Verifica-se também que a capacidade humana de apresentar suas representações mentais se dá de maneira abrangente e variada, caracterizando bem as formas pelas quais ela se coloca acima da materialidade, formando conceitos em nível abstrato. Continue lendo
A tríade psíquica de Malebranche
Resulta assaz estimulante a intuição mística criada pelo pensador francês NICOLAS MALEBRANCHE (1638-1715), segundo a qual Deus ocupa um lugar de destaque em nossa psique, mantendo nossa vida, resumida em sensibilidade, imaginação e racionalidade (Nós vemos todas as coisas em Deus). Tal ocasionalismo nos dá assim a garantia de nossa importância como seres viventes, confirmando a afirmação de São Paulo no areópago: “NEle vivemos, nos movemos e existimos”(At: 17, 28). Sem dúvida, a única forma de resgatarmos a dignidade humana será através de sua vinculação essencial a algo divino, depois que DARWIN nos igualou a meros macacos que evoluíram (sic)! Continue lendo
Do nada à existência
Por que existem as coisas em vez do nada é pergunta recorrente na história do pensamento humano e qualquer resposta natural não esgota o mistério de sua ocorrência (sic). Trata-se aqui do surgimento de uma compreensão só acessível ao seu humano, através de sua capacidade mental, espiritual e abstrata, algo ainda mais notável que a própria concretude do Universo!
Reflexões sobre processos miméticos
A cultura grega nos legou os conceitos de mímesis e poiesis, o primeiro referente aos processos de imitação e o segundo como formas de criação relativamente incondicionadas, como ocorre na poesia e nas intuições conceituais, aparentemente inovadoras. Digo aparentemente porque, no final, ambas se nos apresentam dependentes das influências que as antecedem (sic). Continue lendo
Deus: uma invenção?
RENÉ GIRARD, pensador católico francês (1923-2015), indagado sobre a realidade de Deus como uma invenção humana, prontamente respondeu pela negativa, com base em sua crença cristã e em sua epistemologia mimética. Não obstante, o que esta teoria do conhecimento quer dizer? Ora, justamente o fato de que tudo o que o ser humano compreende, é, no final, apenas uma abstração, tendo por base, porém, suas condições primárias de embasamento.
Uma visão holística do Universo
É sintomático verificar que há ainda muitos autores materialistas que insistem em suas teses radicais, disfarçando-as de boas promessas futuristas, como se constata com o festejado HOMO DEUS, de Yuval Noah Harari (SP, Companhia das Letras, 2015). Não obstante, faz- se necessário considerar as dúvidas patrocinadas pela ciência, que nos apresentam um Universo bastante complexo e precário, contrariando tais atitudes promissoras da redenção autônoma da humanidade, demandando bastante humildade e pronto reconhecimento das incertezas que cercam a realidade como um todo. Continue lendo
O pulsar quântico do Universo
Dizer que a realidade do Universo, em sua essência, é pulsar quântico, significa entendê-lo como ondas oscilantes que se alternam constantemente em partículas, dentro das incertezas que cercam o mundo dos átomos (HEISENBERG). Porém, isto não se dá nas perspectivas da física clássica, por fazer parte do universo peculiar das micropartículas. Assim, este pulsar dá o perfil de todos os fenômenos que observamos, desde o surgimento ou extinção de planetas, como também as sístoles e diástoles dos batimentos de nosso coração. Como consequência, tudo se torna evanescente e virtual, pela incerteza e oportunidade de tudo o que ocorre. Continue lendo