O Espírito prisioneiro

PLATÃO, um dos maiores pensadores de todos os tempos, ao procurar compatibilizar o a priori das ideias com o processo de aquisição do saber humano, imaginou que, quando nascemos, nosso espírito sofre uma espécie de decaimento, tornando-se prisioneiro do corpo, de tal forma que nosso saber constitui-se como uma forma de anamnese ou a relembrança do que anteriormente sabíamos, em plenitude. Continue lendo

A força indutora da oração

Na experiência de que nosso espírito é centelha semelhante Aquele cuja transcendência é ao mesmo tempo imanente a tudo que acontece, nossa fé passa a reconhecer que há uma Ordem Superior que comanda todos os acontecimentos, gerando um determinismo cósmico acima de todos os acasos. Ora, este fato torna a prática da oração de uma eficácia antecedente ao que se pede, bastando apenas o fervor com que os  conteúdos sejam invocados.

Orar significa invocar as luzes superiores que comandam o Universo, implícitas que estão  na unidade que compõe o complexo universal. Ora, porque o mundo criado não tem, em si mesmo, as justificativas de sua existência e é nosso espírito que demanda tal questionamento, importa reconhecer que não há diferença essencial entre o todo fenomênico e o que nosso espírito experimenta, demandando apenas nossa disposição em recorrer aos apelos que sentimos por nossas deficiências. Continue lendo

Universos paralelos

Semelhante a uma fábula científica, a  ideia de universos paralelos não constitui uma teoria em si, mas resulta como consequência de certas verificações cosmológicas, o que lhes dá o caráter de  virtual consistência  ou a presunção de suas existências, aparentemente confirmadas  por observações científicas. A fonte de tudo é a transcendência de nossa mente, que não se cansa de constatar a natureza  virtual de tudo que nos cerca.

Assim, a primeira suposição da existência de universos paralelos ou multiversos surgiu da experiência de ERWIN SHRÖDINGER (1887-1961), cientista austríaco, sobre as características da física quântica, na experiência clássica sobre as hipóteses de um gato, preso em uma caixa, que poderá estar vivo ou morto, cuja confirmação se dará somente no momento em que a abrirmos. Para tanto, ele imaginou um gato dentro de uma caixa selada, com um frasco de veneno, material radioativo, um contador Geiger e um martelo.

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Tudo que é virtual

Parafraseando HEGEL, ousamos dizer que tudo que é virtual é também real. Sem dúvida, todos nós, seres humanos, desejamos alcançar coisas concretas, palpáveis, que sejam acessíveis aos nossos sentidos. Não obstante, as coisas não são assim, e nos parecem ser difíceis de serem atingidas. Como diria BERGSON, é como se nossos sentidos não estivessem suficientemente preparados para atingi-las, criando um embaraço em nossas condições naturais de integração com as coisas. Continue lendo

Armadilhas da racionalidade

Segundo PASCAL, o pensamento faz a grandeza do homem. Sem dúvida, é  o maior galardão de nossa raça, o principal fator que permitiu à espécie humana ultrapassar os seus limites naturais, diferenciando-a de todas as demais espécies surgidas sobre a face da Terra. Assim, foi a racionalidade humana que permitiu ao ser humano criar as maravilhas científicas e tecnológicas, livrando-o dos determinismos naturais, das doenças e do sofrimento corporal, mas principalmente como criador da arte, da filosofia e da religião.

Não obstante, importa que tenhamos uma atitude crítica com relação a mesma, tendo em vista o seu domínio avassalador sobre nossa consciência, tornando-a fonte de antinomias e paradoxos intransponíveis, se não tivermos uma devida cautela sobre seus efeitos em relação a nossa própria compreensão do que seja a verdadeira realidade das coisas. Continue lendo

Postulados cosmológicos

A constatação de relações, linhas e números que são padrões constantes nas pesquisas,  refletindo a condição de estabilidade presente nos diferentes fenômenos, sejam eles matemáticos, geométricos, físicos, ou biológicos, é ocorrência comum entre os pesquisadores. Como exemplos, temos na matemática o número pi, na microfísica o quantum de PLANCK, a velocidade da luz de EINSTEIN, o princípio da incerteza de HEISENBERG; na arquitetura, as proporções áureas, usadas por FÍDIAS; na biologia, os formatos na nervura das folhas (MATURANA), sempre obedecidos. Continue lendo

A beleza das formas

Como constatamos, a beleza das formas se espraia a partir de diferentes perspectivas, gerando expectativas que nos induzem a considerá-la ora harmônica, ora inspiradora, disforme ou inexpressiva, mas sempre sob a égide de um mesmo princípio, segundo o qual o Universo existe principalmente para mostrar a beleza em suas variadas manifestações. Há assim, em cada fenômeno, um enlevo místico que brota das potencialidades do Espírito, fonte de toda inspiração estética.

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Os dualismos não se opõem, se co-implicam

Nossa impressão imediata é a de que os dualismos são realidades antagônicas, opostos que se contrapõem como excludentes. Assim ocorre entre o bem e o mal, a vida e a morte, a saúde e a doença, o sucesso e o fracasso, o início e o fim, tudo parecendo contraditório. Muitas doutrinas antigas, principalmente aquelas oriundas do Oriente, a partir de Zoroastro, consolidaram uma tradição que vê nos dualismos uma oposição radical, como uma luta perene entre realidades que não se misturam. Continue lendo

O Espírito, protagonista da 4ª dimensão

Todos nós estamos familiarizados com as três dimensões de nossa sensibilidade, que nos permitem a percepção dos diferentes objetos: comprimento, largura e altura são os paradigmas lógicos que nos capacitam ao exercício de nossos sentidos corporais, moldando assim todos os contornos passíveis de serem observados.

Isto não obstante, percebemos também a existência de um universo vivo, simbólico e virtual, uma quarta dimensão da realidade que está acima de nossos cinco sentidos, moldando um mundo  abstrato  mas nem por isso menos real, que se situa além do tempo e do espaço, constituindo o universo do pensamento, das ideias e das causas, da ética e da cultura, dos valores e dos objetivos, aspirações e propósitos de tudo que existe. Continue lendo

O Espírito, fundamento da realidade

Constitui grave engano histórico este da separação estanque entre matéria e espírito, pois a própria física quântica reconhece que há entre os dois um íntimo intercâmbio, como aquele da precedência de nosso pensamento moldando as reações dos átomos. Ainda mais, que não há diferença entre matéria e energia, esta uma forma primitiva da matéria, segundo as concepções  de EINSTEIN. Da mesma forma, as estruturas biológicas são exemplos notáveis de como a matéria pode se organizar em sua variedade, instintiva e inteligentemente, promovendo as reações peculiares dos seres vivos, seus genes e seu DNA. Continue lendo