Uma realidade não material

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A ciência universal oferecida pelos antigos pesquisadores era apenas mecânica, dependente de nossos cinco sentidos e dos preconceitos que pudessem transparecer qualquer forma de antropomorfismo que visasse comprometer a racionalidade científica. Com isso, não aceitavam p.ex. a teoria aristotélica das quatro causas (material, formal, eficiente e final), por considerá-las como produtos puros da imaginação filosófica. Não obstante, não há conhecimento que não seja antropomórfico, pelo simples fato de que é a inteligência humana que os cria. Corroborando, a atual mecânica quântica veio confirmar esta dependência, modificando completamente as maneiras tradicionais de fazer ciência, importando substituir também nosso conceito de realidade, que agora se manifesta virtual e puramente mágica.

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Ressonâncias místicas

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Por ter em mim propriedades não naturais, ou uma consciência reflexa que me permite identificar-me comigo mesmo, expressando meu eu como dotado de criatividade, racionalidade, sentimento e liberdade, sinto-me possuidor de uma centelha divina que me diferencia de todos os outros seres, tornando-me, por isso, uma criatura não apenas animal, mas, sobretudo, espiritual.

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Implicações cosmológicas da vida

Podemos nos referir ao surgimento da vida ao que o Gênesis nos expõe no Antigo Testamento: ‘nas trevas do abismo, o Espírito de Deus pairava sobre as águas’, pois Ruah é o espírito feminino a gerar o parto do Universo. De fato, como uma gigantesca explosão, o cosmos surge das entranhas do vácuo, em forma primitiva de luz e energia, sendo posteriormente povoado por centenas de coisas animadas e vivas. Dessa forma, pela herança bíblica, podemos nos certificar que a vida está in nuce em todo o Universo, como um possível que por sua existência, implica eo ipso um ser necessário, como diria LEIBNIZ.

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A mística no caminhar

Como manter a sanidade, num mundo cada vez mais insano? Esta pergunta, presente no subconsciente de todas as pessoas que possuem lucidez, representa um desafio complexo cujos parâmetros de solução não estão mais nas mãos da coletividade, mas sim na atuação de cada pessoa em particular. Daí, nossa responsabilidade em contribuir para que seus efeitos prejudiciais não se tornem tão nefastos.

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Consciência e Espírito

Todos os fenômenos que o ser humano observa na Natureza têm aparência virtual, em função de sua origem quântica, pois é assim que as coisas se estruturam, a partir de sua conformação atômica, o microcosmo. Em seguida, este, organizando o macrocosmo, condiciona a realidade que observamos conservando as mesmas características. Ora, o universo abstrato da consciência e do espírito não tem como fugir desse determinismo, com o acréscimo de serem transcendentes, ocupando uma dimensão superior.

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A anfibolia do mal

Há uma tendência imprópria a atribuir ao espírito a ocorrência de coisas ruins, em função da existência de espíritos malignos (Leonardo BOFF, O Espírito Santo, Ed Vozes, RJ, 2013, p.77). Não obstante, é oportuno realçar que o mal não é ontologicamente substancial, e como ausência do bem, é resultado de uma atitude maniqueísta de nossa experiência consciente, que atribui realidade a algo que é apenas a contraposição de aspectos dialéticos. Continue lendo

Holograma do Espírito

HEGEL, pensador alemão (1770/1831), a partir do exame das manifestações culturais criadas pelo ser humano, em seu livro clássico Fenomenologia do Espírito, conclui que o Espírito é um conceito síntese de uma realidade concreta que alcança todas as dimensões de nossa existência e que se apresenta dialeticamente ora como espírito subjetivo, em nossa consciência; ora como espírito objetivo, nas instituições sociais; e como espírito absoluto, que abarca o mundo transcendente da mística e das religiões. Assim, constituindo-se como um verdadeiro holograma, o Espírito passa a ser o fundamento mágico através do qual a realidade  humana se manifesta, não havendo forma de ignorá-lo, sob pena de termos de eliminar tudo que a inteligência a nós se revela, uma realidade imanente e transcendente a fundamentar a cosmovivência.

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A eternidade do tempo

Segundo o filósofo pré-socrático grego HERÁCLITO de Éfeso (540-470 a.C), os paradoxos fazem parte intrínseca ao nosso pensamento, como consequência da existência em nós de uma capacidade espiritual que ultrapassa a lógica natural das coisas, levando-nos a conjecturar sempre sobre os dualismos e as complementaridades que envolvem as aparentes oposições. Assim, são comuns as interrelações entre o bem e o mal, a vida e a morte, o acaso e a necessidade, a saúde e a doença, determinismo e liberdade, etc. Contudo, a presença universal de um LOGOS conciliador mantém o equilíbrio das oposições, sustentando assim a eternidade das transformações. Continue lendo

A cultura da morte

SIGMUND FREUD, médico austríaco que viveu no sec XIX e foi o criador da Psicanálise, resolveu apelar para a mitologia grega para explicar o que ele chamou de pulsão para a morte, ou seja, um desejo mórbido  que o ser humano  possui diante do fenômeno, corporificado na oposição entre Eros x Thanatos, a contrapartida inconsciente do desejo de viver. Não obstante, se este desejo pode ser constatado facilmente nos gurus do Oriente, que vivem esperando apenas morrer, para nós no Ocidente ocorre o contrário, onde todos se apegam à vida de forma sistemática. Continue lendo