O reconhecimento dos diferentes setores da realidade só se torna possível pela ação, em nossa mente, de um princípio unificador que nos permite alcançar tal perspectiva holística. Não fosse a presença em nós de um ESPÍRITO que nos capacite, nunca poderíamos ser capazes de atingir a magnitude desse processo englobante de todas as dimensões que perlustram a realidade.
A redução de todas as coisas a sua unidade deve-se ao pensador grego do sec III, PLOTINO, filósofo e místico, que a partir dos pensamentos de PLATÃO, concebeu o UNO como a origem de todas as coisas, se colocando acima do ser e de suas contingências. O chamado neoplatonismo constituiu-se numa promissora escola, por influência da filosofia grega e do cristianismo, recebendo forte influência de pensadores muçulmanos.
Dessa forma, a caracterização do Uno como princípio primeiro de tudo o que existe foi a forma encontrada pelos pensadores daquela época para aceitar as teses iniciais do cristianismo, segundo as quais DEUS é o Criador imarcescível de tudo. Contando com inúmeros pensadores de vulto, teve AMÕNIO SACAS, criador da Escola de Alexandria, PORFÍRIO e PROCLO, entre outros.
Em sua obra Enéadas, Plotino faz a distinção entre a beleza sensível e a beleza inteligível, esta última corporificada nos enlevos da Alma, que só se satisfaz com os valores eternos, por serem imutáveis. Enquanto o belo sensível se relaciona com o mito de Narciso, aquele que se admira por sua imagem num espelho d’água, o belo inteligível é como Hipólito, o personagem caçador de Eurípedes, que ama a Natureza e contempla o céu, em sua magnitude eterna.
Ainda segundo Plotino, diante do imperativo délfico (conhece-te a ti mesmo), Narciso, contemplando a sua imagem, se conhece e se ama a si mesmo, o que significa a ambiguidade do autoconhecimento. Dessa forma, só podemos encontrar a beleza inteligível usando nossa intuição do Uno, presente em todas as coisas, pelo uso de nossa razão, que o descobre sem envolvimento com nenhuma sutileza de gosto pessoal. Dessa forma, a mística de Plotino anseia incorporar a beleza que não se encontra exteriormente, mas sim aquela outra, produto de uma reação interior ao contemplar a precedência do Uno em todas as coisas. Ora, isto é o que se chama Espírito, através do qual ele teve uma experiência mística pessoal.