Obstáculos à espiritualidade

A realização do Concílio Vaticano II, de 1962 a 1965, tendo em vista a completa mudança dos costumes sociais, tomou a espiritualidade como um setor prioritário, tendo em vista sua então incapacidade em motivar as novas gerações quanto as vantagens na promoção de uma vida voltada aos valores religiosos e a sua felicidade transcendente.

Assim, sem desmerecer os procedimentos antigos, alterou a forma tradicional de considerar a espiritualidade como um fato pessoal e restrito ao isolamento dos mosteiros, passando a considerar a necessidade de que a espiritualidade se tornasse um fato implicado na vida corriqueira das pessoas, sentida como presença constante do ESPÍRITO em suas vidas.

Dessa forma, a primeira alteração procedida disse respeito às relações entre o ser humano e seu corpo, agora considerado complementar às virtudes da fé. Assim, ele passa a ser não mais obstáculo à fé devendo ser tratado com naturalidade, como complementar à felicidade terrena.

Em prosseguimento, o Reino Divino passou a ser considerado como desde já presente entre nós, uma dádiva de perfeição para a humanidade que se desenvolve apressadamente no sentido do conforto e da felicidade pessoal, bastando que, para isso, melhore as suas condições cristãs da caridade e da paz.

Igualmente, um forte apelo ao ecumenismo confessional se tornou necessário, admitindo que a experiência do Espírito está presente em diferentes crenças, bastando que não sejam ofensivas à dignidade humana e, por isso, devem ser acolhidas com respeito e consideração, como esforços válidos na tentativa de alcançar a Transcendência.

A secularização crescente da humanidade, dispensando os apelos religiosos, passou a ser considerada como um desafio aos fiéis, com a confiança de que os caminhos de Deus são providentes, no sentido de confirmar que existe no íntimo do coração humano um desejo perene de superação de seus limites existenciais, a partir das virtudes obtidas pela fé. Por sua vez, quem está conformado com sua condição deve ser tratado com carinho e abnegação. Em contrapartida, torna-se necessária uma pedagogia educacional que desenvolva no íntimo do coração de cada ser vivente, o sentido transcendental do viver, e como ele contribui para nossa felicidade o praticar as virtudes proclamadas por nossas crenças, inseridas que estão pela prática diuturna da oração e a vivência contínua da presença de um Criador. Com certeza, CRISTO se nos apresenta como o modelo perene da nova espiritualidade, como está a iluminar todas as gerações.