Segundo KANT, a existência é um conceito apenas lógico, não tendo nada a ver com a consistência das coisas: como apenas uma conclusão do pensar, é subjetiva e apenas verbal. Contudo isto contrariou a tradição ortodoxa da filosofia clássica, que sempre considerou o existir como um fenômeno ontológico, veraz.

Max Scheler

Dessa forma, indagar sobre o sentido ontológico da existência é procurar o fundamento perene ao que aparentemente não teria nenhum sentido mais profundo, como o fato de que nossa vida se encontra imersa em circunstâncias puramente acidentais ou condicionada por fatores de pouca importância. Como se pode observar, a solução  kantiana tem raízes num fenomenismo pouco profundo, limitando portanto o alcance da metafísica.

Isto não obstante, nosso pensamento pode atingir o fenômeno da existência de uma forma direta, tautológica e não reflexiva, o que a legitimaria de forma essencial, não fosse nossa incapacidade de alcançar níveis mais profundos de pensamento, privilégio reservado a poucos iniciados. Aqui, será necessária a subida de nosso pensamento ao nível superior do Espírito, que nos induz a pensá-la de uma forma não apenas fenomenológica, mas mística, como faz a filosofia oriental.

Na Bíblia, em Êxodo, 3-14, JAVEH se dirige a Moisés dizendo Sou o que Sou, no sentido de um DEUS existente, confirmando a relação essencial entre ser e existir. PARMÊNIDES, pensador grego de Eléia, então no quinto século a/C, de forma inspirada, obteve das musas a revelação para caracterizar a verdadeira natureza do ser, pois, para ele, pensar e ser são a mesma coisa. Assim, ele pôde concluir: o ser é e o não ser não é.

Em termos lógicos, o conceito de ser se nos apresenta dotado de extensão máxima e, portanto, compreensão mínima, dada a reciprocidade que eles incluem, em termos hermenêuticos. No entanto, isso não impede indicar as características espirituais que, misticamente, envolvem o conceito de ser:

O ser é  a condição primária de nosso pensar
O ser não é apenas conceitual.
O ser é conceito espiritual.
O ser é o que constitui todo o Universo.
Como tal, o ser corresponde ao existir.

Em resumo, conciliar o  pensamento com as coisas só se torna possível em nível transcendental, no sentido essencial de uma realidade que não é apenas sensível, mas virtual e concreta, envolvendo consistência sobrenatural: Existir é estar diante do Absoluto.