O Espírito no mundo das micropartículas

No início do século XX, o mundo microcósmico estourou no campo da física clássica como um escândalo. Em se tratando de pesquisas só acessíveis por meio de equações matemáticas, o primeiro problema que surgiu foi a indagação sobre se nossa consciência descobre os fenômenos ou os cria, através das medições.

Modelo atômico de Rutherford

Segundo EINSTEIN, as fórmulas matemáticas descobrem os fenômenos, enquanto que para NIELS BOHR, representante do modelo de Copenhagen, as fórmulas matemáticas criam os fenômenos e para ERWIN SCHRÖDINGER ou AMIT GOSWAMI, o mundo quântico é semelhante à mística indiana e por ela poderia ser entendido.

Como se observa, o mundo das micropartículas oscila como um feixe de luz, sendo observado ora como ondas, ora como matéria, o que significa uma alternância presente também no macrocosmo, determinando a experiência de uma realidade que para nós se torna bastante oscilatória.

Pois como observou W. HEISENBERG, há um indeterminismo no mundo quântico, segundo o qual é impossível para nós constatar, ao mesmo tempo, a posição e a velocidade de um elétron, tornando a realidade global incerta em suas certezas, sendo salva apenas pela confirmação de nossa espiritualidade.

No livro de Rauni ARROYO Consciência e Mecânica Quântica (SP, Ed LF, 2024), o autor se desdobra em  relatar a complexidade das pesquisas em torno da consistência ontológica do mundo quântico, concluindo que as ideias de A. N. WHITEHEAD são coerentes em aceitar os mistérios da Natureza como opção de uma realidade que é, ao mesmo tempo, produto da necessidade e do acaso. Dessa forma,  podemos aceitar o panenteísmo de CHRISTIAN  KRAUSE (1781-1832), através do qual a imersão de Deus  no Universo se dá de uma forma indireta, em respeito à liberdade das criaturas.

O dualismo mente/corpo está, portanto, implícito na natureza da mecânica quântica, conduzindo as conclusões no caminho de uma metafísica que aceite a preponderância de nosso espírito em determinar a natureza ambígua do mundo quântico, cuja solução se encontra apenas em nossa disposição em aceitar uma espiritualidade inerente e subjacente a toda nossa experiência, contida nos limites dos processos de conhecimento, mas mesmo assim dotada da capacidade lógica em investigar os paradoxos que o mundo quântico contém.