O espírito e a arte

O Espírito tem, na arte, a sua constatação mais real, por ser ela o universo do virtual e do simbólico na sua expressão mais autêntica, livre e concreta. Pois é através da expressão artística que Ele, como infinito, se concretiza no finito. Dessa forma, na criatividade espontânea do artista o Espírito consolida todas as características fundamentais de que Ele é dotado, como sejam a criatividade, a simetria das figuras, o sentimento expressivo e a liberdade.

Por consequência, não resta dúvida que todas  as ocorrências vividas por nós, seres humanos, podem apresentar também características estéticas, através das quais o seu lado artístico nos indica a universalidade presencial do Espírito como representatividade virtual, simbólica e etérea. Por isso HEGEL, na dialética holística de sua fenomenologia, O concebe compreendendo  três dimensões: o Espírito Subjetivo, em torno do Eu; o Espírito Objetivo, em torno das instituições sociais e um Espírito Absoluto, em torno das representações culturais em Sua Presença permanente.

Em complemento, ainda segundo HEGEL, o Espírito Absoluto compreende a Arte, a Religião e a Filosofia, as três expressões máximas de Sua representatividade estética. Como discursos perfeitos em sua concreção, a arte ocupa o ponto inicial da subjetividade do artista produzindo uma originalidade poiética nunca mais substituível, tornando-as eternas em sua perenidade.

A Religião, por sua parte, como instituição estabelecida, oferece à cultura um repositório de tradições reveladas da mais alta significação, por dizerem re4speito aos anseios mais íntimos que a espécie humana possui, tendo por base o acervo da fé revelada. Assim, através dela, os crentes testemunham a presença de um Espírito Revelador, certificado na insistência das orações e dos milagres obtidos.

Quanto a Filosofia, ela representa o esforço máximo da Razão Humana em obter um discurso coerente a respeito de nossa presença num Universo cuja complexidade operacional desconhece a realidade humana, como estando nem um pouco preocupado com o futuro que a espécie humana lhe imponha, consubstanciada por suas tragédias ou comédias (sic). Na continuidade, HEGEL coloca o conhecimento filosófico no ápice de seu Espírito Absoluto por estar vivendo num momento iluminista que hoje sabemos estar ultrapassado. Não obstante, modus in rebus, a intenção permanece, apesar dos infaustos da razão acadêmica.