A larva se transforma em borboleta, o botão se transforma numa flor, o micro se transforma em macrocosmo, acidentes e doenças causam nossa morte, os conflitos sociais ou econômicos causam dores em nossa vida, o uso da liberdade pode nos conduzir à infelicidade. São muitas as contradições que afetam profundamente o equilíbrio de nossos comportamentos.
No Universo, todas as transformações são radicais. Não obstante, o emaranhamento quântico das micropartículas está a nos demonstrar que, apesar disso, tudo está interligado. Tais transformações radicais, que substituem ou alteram a natureza de cada coisa, nos despertam uma curiosidade mórbida, assustando nossa natureza de seres humanos, então tomados de desilusão.
Segundo a filosofia estóica (sec III aC), a sabedoria nos ensina que devemos aceitar as transformações negativas em nossa vida de uma forma passiva e sem revolta, por estarmos todos submetidos às vontades dos deuses, que não sabemos quais são. Contudo, em função do que acontece, um mínimo de otimismo ainda seria possível.
Dessa forma, podemos encontrar a solução para as transformações radicais que nos afetam, lançando mão do conceito de dialética segundo a qual estas contrariedades encontram sua conciliação, que significa o estágio superior no qual um estado primitivo (tese) defronta uma contrariedade (antítese), mas que posteriormente se concilia numa (síntese).
Tal solução teórica para a resolução das transformações radicais que nos afetam não altera em nada as suas raízes substanciais, constituindo-se apenas num recurso abstrato para explica-las. Por isso, muita gente não as aceita. Não obstante, haveria outras formas de aceitá-las? Sem dúvida, pela fé religiosa isto se torna possível, mas então saímos da racionalidade filosófica para entrarmos numa dimensão transcendental.
Dessa forma o Cristianismo se nos apresenta como a solução mais coerente na solução das transformações contraditórias que nos afetam, pois o sacrifício de CRISTO é a solução definitiva para nossa redenção. Aceitar a doutrina cristã representa nos encontramos diante de um contexto otimista para a nossa condição humana, detentora de uma espiritualidade que nos anima ao prosseguimento de nossa existência limitada pelas transformações negativas.