Ética, ou moral como ciência

As coisas são e também elas valem. O propósito aqui é estabelecer a distinção entre o mundo do ser e mundo do dever-ser. O mundo do ser é das facticidades; o mundo do dever-ser é o dos valores. Não obstante, que são valores? Criados por nosso Espirito, são abstratos, mas também muito concretos, como os números.

Platão

Ocupando o mundo de nossas ideias abstratas, o estudo dos valores ou Axiologia diz respeito aos nossos interesses mais imediatos, mas também diz respeito à coletividade e à própria origem de todas as coisas, em perspectiva teológica. Os valores, então, podem ser éicos (quando dizem respeito aos perfis de nosso comportamento); estéticos (quando dizem respeito aos padrões de beleza e arte) e religiosos (quando dizem respeito às avaliações de nossa fé).

Desde muito cedo a filosofia se interessou pelo problema dos valores. PLATÃO estabeleceu como valor absoluto a ideia do BEM, ao qual todos os demais devem estar subordinados, o que implica a noção de que entre eles há uma hierarquia, sendo uns mais importantes que outros. Dessa forma, durante nossa vida, a prudência nos recomenda sermos sábios no estabelecer o que para nós é mais importante.

Há uma diferença na forma de se estabelecer a ontologia dos valores: para os antigos, como ARISTÓTELES, vale o princípio ens et bonum convertuntur, ou seja os valores estão intrinsecamente inseridos nas coisas; já para os modernos, os valores são defluências psicológicas de nossa mente. A solução repousa apenas na forma de conceber as relações entre eles. Como são apenas qualidades, eles aderem às coisas de forma opcional, de acordo com  nossa vontade.

Os valores se classificam ora como bens sensíveis e bens espirituais. Os bens sensíveis, por sua vez, compreendem os bens vitais (vida, saúde); bens de utilidade ( comida, habitação, vestuário). Já os bens espirituais compreendem os valores lógicos (conhecimento, verdade); valores de conduta moral ou ética; expressões de beleza estética; valores de crença (religião, fé, espiritualidade, transcendência).

Como nos afirma NIETZSCHE, ”o homem nunca poderá deixar de crer no Super Humano, quer lhe chame DEUS , quer simplesmente lhe chame  IDEAL. Sem um ideal jamais o homem poderá caminhar de pé no reino do Espírito. Este Super-Humano, este Ideal,  é que lhe abre o mundo dos valores espirituais” (apud Johannes HEESSEN Filosofia dos Valores. Coimbra, Ed Studium, 1967,p. 104).