A vida espiritual supera as simetrias

Ao nos lembrar de STO. TOMÁS DE AQUINO, segundo o qual a vida espiritual só desperta depois de satisfeitas algumas necessidades básicas da vida, como a estabilidade funcional, o sustento e o equilíbrio familiar. Depois disso, nosso espírito pode assumir novas dimensões, mais abstratas e transcendentes.

Dessa forma teria início o processo de quebrar as simetrias que aparentemente afligem nossa realidade, comprometida que se encontra diante da conflitualidade das oposições que normalmente afetam nossa vida, sejam o bem ou o mal, a saúde e a doença, a vida ou a morte.

Seguindo o caminho proposto por HEGEL em sua Filosofia do Espírito, no que se refere ao nosso espírito subjetivo, trata-se inicialmente de nossa libertação do eu individual, passando a considerá-lo como uma individualidade inserida na totalidade do nós, como só tendo realidade quando inersa na vida coletiva, de participação e sentimento.

Na continuidade, no que se refere a nosso espírito objetivo, conceber que a realidade plena de nossa vida só se realiza a partir de nossa participação efetiva no grupo social, seja como um mero espectador, mas consciente dos problemas que o afligem, na humildade de quem ora por sua transformação. Ou, caso contrário, como um ativo propugnador que luta pela derrocada de suas contradições.

Finalmente, dentro das perspectivas de nosso espírito absoluto, a arte, a religião e a filosofia representam as três dimensões em que ele se manifesta, significando as três maneiras pelas quais o espírito pode atingir a perenidade de nossas aspirações, seja através das produções artísticas; seja no cultivo transformador da religião, no qual a fé pode alcançar níveis ponderáveis de confiança, segundo a qual nossas contradições são aparentes ou apenas degraus necessários ao alcance das beatitudes sagradas, como sucedeu com o sacrifício do Divino Mestre.

Por fim, a filosofia pode nos elevar aos limites de nossa racionalidade ao nos permitir o alcance da hermenêutica, a compreensão adequada das dimensões virtuais que nos sustentam ou os níveis diferenciados que envolvem a estrutura da realidade, em seus arquétipos complexos. Como se observa, a superação de nossas contradições envolve a consideração de que elas são apenas aparentes na sustentação das gerações e na evolução de todo o Universo.