A verdade em dimensão simétrica

Como tudo no Universo, a verdade possui também os seus aspectos paradoxais, ora funcionando como uma oposição conciliadora, permitindo com isso o exercício funcional de toda a criação. O problema estaria em como tirar dos opostos o que seria mais conveniente para a garantia de nosso equilíbrio vivencial.

É assim que a experiência da verdade convive com as suas simetrias, assumindo caracteres problemáticos quanto ao seu desempenho, pois como nos adverte a ortodoxia da filosofia perene, elas são o contrário dos modelos clássicos de verdade, que são:

Verdade lógica, com seu oposto, o erro, dizendo que o triângulo tem mais do que três lados. Verdade ontológica, com seu oposto, a falsidade, ao dizer que parece ouro, mas não é. Verdade moral, com seu oposto, a mentira, ao dizer que sou sincero, mas não sou.

A verdade lógica é a inadequação entre o sujeito e o objeto da afirmação, pois a palavra triângulo dez respeito a um objeto de três lados. Já a verdade ontológica é a que mais se aproxima da natureza da verdade, por identifica-la, na essência, àquilo que é o objeto. Resume-se numa tautologia, por ser a demonstração do óbvio. Finalmente, quanto à verdade moral, está em nosso íntimo manter a verdade de nossas afirmações, em relação aos atos que praticamos.

A verdade é uma exigência do meu Espírito, que demanda em nosso íntimo a identificação de nosso pensar com as coisas, evitando que ele se perca em virtualidade vazia (flatus vocis). É uma demonstração de como nossa espiritualidade é consistente, ontológica, e essencial no desempenho de nossa vida.

“Conhecereis a verdade e ela vos libertará” (João 8:32). É assim que devemos considerar nossos desejos de alcançar a verdade, um propósito de vida que dá garantia às nossas esperanças, ao sentir que a realidade do Universo não é aleatória, mas possui um sentido de afirmação de que a verdade não está em seus acasos, mas sim nos propósitos divinos de sua criação. Sua percepção verdadeira não está, portanto, em nossos sentidos exteriores, mas sim no momento em que ultrapassamos os relativismos de nossos sentidos, alcançando um patamar transcendental, além do natural.