A verdade como tautologia

A partir de KANT, professor de lógica, nossos juízos (raciocínios) podem ser diferenciados em a priori e a posteriori. Os raciocínios a priori são estabelecidos a partir do desdobramento do próprio conceito e, por isso, são chamados analíticos. Ex: o quadrado tem quatro lados; viver é estar vivo; o bem é o que é bom.

Êxodo 3:14

Já os raciocínios a posteriori são aqueles obtidos a partir da observação de nossos sentidos externos e, por isso, são chamados de sintéticos. Por ex: o sol nasce a cada manhã; a flor é vermelha; o fogo queima nossa pele, etc. Enquanto os juízos analíticos são dedutivos, os sintéticos são indutivos ou abdutivos, e, por isso, são aleatórios, por serem acidentais ou incompletos, tornando incerto o grau de suas certezas.

O mesmo não ocorre com os raciocínios a priori, que por serem lógicos, nunca perdem a sua consistência. Não obstante, por não serem criativos, acabam por ser apenas tautológicos, o que os faz, por outro lado, serem apenas repetitivos do que já sabíamos. Por isso, devem seguir com precisão a lógica da coerência, a compatibilidade essencial  no constatado em sua veracidade.

Assim, a imaginação e o delírio não possuem nenhuma relação com o conhecimento verdadeiro, pois não basta imaginar a ilha do tesouro para que ela passe a existir. Isto se aplica à crítica que KANT fez do argumento ontológico de Sto. ANSELMO, que deduziu a existência de DEUS a partir de seu próprio conceito. Não obstante, KANT deveria ter observado que os raciocínios a priori não  devem ter lugar na imaginação e no delírio, mas sim em suas relações tautológicas, de mútua dependência, o que garantiria seu aspecto ontológico.

Como exemplo, o argumento da existência de Deus a partir da ideia de perfeição como procedida por R. DESCARTES, segundo o qual, esta ideia, quando aplicada a DEUS, inclui também a Sua Existência, senão a essência da perfeição ficaria mutilada.

Em conclusão, a existência de Deus poderia ser obtida a partir da própria existência das coisas, que não tem por onde justificar suas existências, a não ser a partir do fato de que existem precariamente. Esta lógica é intuitiva e ultrapassa os limites de nossa razão. Por isso, a verdade tautológica restaura a consistência ontológica de tudo que existe.