A consistência espiritual das coisas

A consistência das coisas só ocorre pela ação de nosso espírito. Ora, sendo nosso espírito apenas virtual, segue por consequência que tudo o que ocorre no Universo é, para nós, apenas virtual. Isto não significa dizer que por serem virtuais, as coisas não sejam reais, pois basta apenas uma ideia, uma lembrança, uma história, para que tudo fique circunscrito no mundo de nossas realidades.

Assim, as coisas só saem de sua virtualidade por um ato de nossa consciência, transformando-as em reais. Ora, este fato deve alterar completamente a maneira objetiva que temos ao considerar os acontecimentos, que não são reais por si mesmos, ficando na dependência da maneira como os percebemos.. A palavra consistência, em sua etimologia, nos indica tudo o que permanece no mundo do ser, que é, portanto, pura virtualidade, necessitando da contribuição de nosso espírito para concretizá-lo.

Este fato já foi constatado anteriormente por muitos pensadores, mas principalmente pelo filósofo alemão IMMANUEL KANT, que, no entanto, não soube chegar à caracterização peculiar do universo virtual, em virtude das ideologias intelectuais de sua época, que não puderam caracterizar suas implicações com o mundo real. Ora, a necessidade que temos de invocar o virtual para que ele se torne real nos oferece uma perspectiva da importância que esta invocação significa na realidade de tudo, tornando o Espírito como o verdadeiro refletor de toda a realidade.

As ideias platônicas estão incluídas no mundo das virtualidades? Sem dúvida que sim, na medida em que também habitam  um universo real mas etéreo, dada sua natureza abstrata, fluindo ao sabor de nossas impressões intelectuais. Dessa forma, o mundo virtual não foge à substância das essências, agora vistas em perspectivas igualmente subjetivas e não mais como exclusivas do mundo onto-metafísico.

É a presença do Espírito que determina o perfil da realidade virtual, ficando longe dos pressupostos apenas mecânicos da  realidade de nossos sentidos externos, uma presença  simbólica, mas real. Como o advento de  outra realidade, a consistência das coisas virtuais nos convoca a transcender o objetivismo dos sentidos e substitui-lo por um reino da subjetividade e amor, que deve ser o objetivo de toda a nosso esforço mental.  Transcender a realidade dos sentidos externos é a convocação que a espiritualidade virtual nos determina.