A plenitude da graça é aquela que só é alcançada quando a pessoa se dedica inteiramente a um mister, desprezando qualquer interesse, mesmo que sejam por egoísmo pessoal. Sem dúvida, há aqui um paradoxo ético, já denunciado por KANT, segundo o qual é impossível ao ser humano em suas ações, livrar-se da obsessão de sua procura pelo Bem, mesmo que seja a si mesmo referido. Sem dúvida, este fato é mais uma graça a nós concedida, resultado de uma compensação pelos esforços que porventura tenhamos despendido na prática das virtudes éticas.
Dessa forma, podemos constatar, no que se refere ao desempenho do Papa Francisco em sua breve nunciatura, um conjunto de características originais que o destacam como um inovador no referente à figura tradicional inerente a um mandatário maior da Igreja Católica, humanizando a sua autoridade, ao se transformar em pessoa comum, um apóstolo dedicado inteiramente ao seu propósito de levar a missão cristã a todos os povos.
O admirável na personalidade do papa sul-americano foi seu empenho em estar sempre presente na companhia de outras pessoas, próximas ou longíncuas, imitando o esforço de Cristo em toda sua pregação terrena, sem descurar dos momentos sagrados de seu isolamento meditativo. Ao contrário, como a tendência da civilização moderna tende para a exclusão, esta atitude do Pontífice nos parece original em seus propósitos, no sentido de integrar as pessoas.
A opção do Papa Francisco pelas pessoas comuns demonstra um acendrado amor humanitário, acolhendo-as independentemente de suas crenças e nos antecipa um perfil ecumênico bem familiar ao Cristianismo, que deseja a integração de toda a humanidade sob o império espiritual de Cristo, nosso Salvador.
Se seus apelos em favor da paz mundial não foram ouvidos, isso se deveu à maldade intrínseca de todas as atividades humanas, que são como que obstáculos eternos, enquanto as plenitudes humanas de sua redenção não forem acolhidas. Aqui, só a vontade divina pode modificar esta tragédia. Por fim, a plenitude da graça espelhada pelo nosso pontífice nos indica que ela é acessível a todo ser humano que atue de modo não egoísta e que esteja voltado para os ideais de fraternidade, humildade e consideração pelos menos favorecidos. Viva o Santo padre!