Moral e ética, aspirações do Espírito

Moral e ética são duas experiências muito próximas, e, por isso, bem complementares. Enquanto a moral (do latim mos, moris) diz respeito aos bons costumes, a ética (do grego ethos), caráter, diz respeito aos fundamentos de nossos hábitos de ação. Dessa forma, a moral é prática, enquanto a ética é teórica, a ciência da moral.

Sócrates

Para começar,, a partir de nossos dilemas de ação, cabe indagar as causas desses  desajustes que nos atormentam, se teriam causas naturais, ou seriam produto de uma capacidade superior de arbítrio, fruto da presença em nós de um Espírito superior às contingências de sua própria natureza (sic). Dessa forma, se for este o último caso, abre-se para os seres humanos, uma perspectiva transcendente ao tratar do problema ético, como tendo origem em um desafio que ultrapassa seus condicionantes naturais.

Dessa forma, somos conduzidos a reconhecer que o ser humano possui uma natureza especial pela presença, em seu interior, de uma autonomia consciente que o liberta e o escraviza, dependendo apenas da forma em que se manifesta em seus atos. É lamentável que a cultura moderna não incentive este lado peculiar da psicologia humana, que aparece, sobretudo, para reafirmar o compromisso sagrado que todos temos de optar pelo melhor, este no sentido de tudo que possa elevar o ser humano em sua dignidade.

Assim, se somos divinos em nossa natureza, tudo deveria estar voltado para este engrandecimento, com enfoque privilegiado na formação adequada dos seres humanos, com ímpetos de menos ganância e mais solidariedade. Nesse sentido, as práticas religiosas  representam o que de melhor existe no campo da cultura, no sentido de apelo contumaz à emancipação de nossas potencialidades. Não obstante, tudo parece tramar contra a verdadeira cultura de emancipação do ser humano, premido que está a enfrentar um sem número de tendências imorais.

Em resumo, a emancipação do ser humano só melhorará quando  estivermos conscientes de que a humanidade possui um vínculo sagrado com a espiritualidade, por esta ser o princípio maior a dirigir a criação. Como disse ARISTÓTELES, as virtudes só são aprendidas pelo hábito, ou a prática reiterada dos bons costumes, coisa que a humanidade está longe de ter consciência.

Por outro lado, as escolas deveriam sair de seu indiferentismo com relação às virtudes morais, pois são estas que realmente importam, quando se trata da tarefa de formar bons cidadãos. O desejável seriam escolas complementando o trabalho das famílias, contribuindo assim para a higidez moral da sociedade.