A vida em dimensão sobrenatural significa considerá-la como um eu imerso num corpo material, no qual ela não se confunde. Dessa forma, isso envolve nossa preocupação, em primeiro lugar, de como teria sido possível que a matéria pudesse possuir características de autossuficiência para gerar um ser vivo; em segundo lugar, como foi possível que essa matéria pôde, por si só, gerar uma consciência que se tornou autônoma, testemunhando o existir da materialidade.

Quanto ao primeiro problema, implica levarmos em consideração o processo evolutivo que permitiu que a matéria microcósmica pudesse se transformar em moléculas vivas, permitindo, com isso, o aparecimento de um corpo vivo. Aqui, temos de reconhecer que nosso corpo é produto de uma aparente evolução assistida (princípio antrópico), sem o qual a espécie humana não possuiria suas características estéticas e espirituais.

Quanto ao segundo problema e conforme o que as pesquisas científicas nos indicam, o surgimento da consciência na espécie humana deu-se in nuce, isto é, em potência, no seio da matéria, dadas as suas características formais e energéticas, permitindo assim seu desenvolvimento (pleno?) na espécie humana. Temos de reconhecer aqui a necessidade de uma transformação quântica como fundamental para que tal coisa se tornasse possível.

A propósito, este novo paradigma quântico tem sido cada vez mais admitido pela literatura científica, como correlato ao conceito antigo de milagre, ou o salto abrupto de uma realidade para outra, como acontece comumente nas ocorrências do Universo. Em complemento, ele nos permitiria admitir que a Natureza é mágica em suas transformações.

Daí, admitir uma exigência transcendente para justificar tais profundas alterações é apenas um passo para quem esteja aberto ao reconhecimento de que, não havendo interferência sobrenatural, nada poderia estar acontecendo, o que significa admitir uma postura religiosa, reconhecida desde as primitivas crenças, especialmente no cristianismo.

Em conclusão, a vida, em sua complexidade, deve ser considerada como intrínseca às suas determinações quânticas, o que significa considerá-la, em paradigma tradicional, como um verdadeiro milagre, portanto, extrínseco às condições normais da Natureza.